Intercâmbio Performance x Cinema Documental de Invenção
Belém do Pará. Junho/2014 Primeiramente é necessário agradecer a todos os participantes pela entrega, pelo axé desta experiência. Volto neste momento a recordação de um dos instantes mais marcantes desta vivência: o olhar. O olhar do eu no outro, do outro no eu. O parado em movimento, revelado no simples ato de estar diante do outro, sentado, no chão, olhando fundo, olhando dentro, olhando fora. Partimos do olho porque ele é portal, janela da alma. Nesse adentrar nos reconhecemos e desconhecemos, nos afeiçoamos e impactamos. E em meio a isso, é possível perceber quando o fio de nossas conexões se tenciona, suaviza, ondula e se recorta. Como num olho da câmera, buscamos ao longo desses dias captar as urgências, os detalhes vibrantes de cada participante e fazê-los dançar em grupo, em relacionamento. Seguramos na mão das motivações que nos levávamos a um caminho de arte vida, de urgência vital, de coletivo que pulsa a partir do organismo individual e peculiar de cada um. No Instituto Nangetu, os participantes puderam trazer suas experiências em arte e compartilhá-las dentro das abordagens do encontro, que passaram pela relação com ideias sobre performatividade, inventividade dos recursos e meios para produção audiovisual, mergulho na memória pessoal a partir de imagens, objetos e escolha de espaço para realização de gravações na cidade de Belém de Pará. Tivemos como filmografia para discussões e análises: - A Alma do Olho- Zózimo Bulbul - Front- Renato Vallone - Roncó- Renato Vallone - Campo de Jogo (trecho)- Eryk Rocha - Vida- Artavadz Pelechian - Curta de Volkan Ergen Além de apresentação da performance "Maria José" realizada no projeto Viole(n)tas, na Casa da Mulher em Manguinhos, no Rio de janeiro-RJ, abrindo caminhos para a reflexão sobre o fazer artístico compartilhado em comunidade, da arte enquanto ritual e pontes com o meio em que ela acontece. Vimos também, registros em vídeo da minha performance "ROLO", no Rio de janeiro-RJ e no Bailique-AP, e comentamos a relação corpo-espaço e a transposição do registro de performace para a ideia de cinema de invenção. Como ponto culminante do intercâmbio passamos um dia inteiro juntos, no Complexo do Ver-o-Rio, localizado na orla da cidade, onde realizamos ao longo de uma manhã experiências de relacionamento do olhar com a câmera, ações entre os participantes de manipulação de objetos-memórias e contato com as margens da baia de Guajará. Finalizamos o dia, no Mercado do Ver-o-Peso em almoço pra lá de alegre e afetuoso. Saudades desse povo, distâncias que separam e se conectam pra sempre. Obrigado a todos, obrigado à vida. Wellington Dias